TV: um fast-food para alma

A televisão mostra imagens da realidade e não a realidade. Isto é muito importante. Quando a televisão reproduz uma cena, um acontecimento da vida, isso é uma imagem, não é a cena. Assim, por exemplo, se alguém diz que viu um "atropelamento na TV", não o viu realmente. O que se viu foi uma representação ou uma imagem desse atropelamento. O único modo de alguém ter visto essa cena seria mediante a presença física próxima do acontecimento. Tanto é verdade que, quando se vê atores nas ruas, parecem diferentes quando "estão" na televisão. Normalmente, na vida real eles são mais baixos, velhos e mais "feios" que nos vídeos. A televisão sempre "embeleza" os atores com excessos de maquiagem e ângulos favoráveis, criando uma aparência artificial. Ainda que a televisão tenha mostrado com nitidez, isso não deixa de ser uma representação ou imagem do ocorrido. Não existe identidade, pode existir, no máximo, semelhança. E a representação oferecida pela televisão será sempre distorcida, porque ela mostrará a cena com o filtro das características da reprodução televisiva, em razão da imagem, do som e da narrativa já comprometidas.